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Suporte psicológico é essencial para pacientes com diagnósticos severos

Apoio profissional permite pacientes lidarem com questões emocionais que podem surgir durante o tratamento
11/04/2024 Foto: Freepik / Divulgação

Entrar em um consultório médico e receber o diagnóstico de uma doença grave, como o câncer, não é fácil. A condição que, segundo o Ministério da Saúde, é caracterizada pelo crescimento desordenado das células do corpo humano, é motivo de apreensão. Por isso, receber suporte psicológico faz toda a diferença para quem vive a situação.


O tratamento do câncer de pulmão, tipo mais comum da doença no mundo, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) pode incluir sessões de quimioterapia e radioterapia e, em alguns casos, o transplante. Cada fase mexe não só com o organismo, mas também o emocional do paciente e, por isso, o apoio psicológico se torna fundamental.


O acompanhamento é indicado não só para os pacientes oncológicos, mas também para outros diagnósticos considerados graves. De acordo com a Universidade Federal de Sergipe (UFS), o suporte psicológico auxilia a pessoa a elaborar melhor seus pensamentos e emoções durante o processo de tratamento.

Quais os impactos psicológicos que doenças graves podem trazer?


Algumas doenças graves podem ser percebidas por meio de alterações no funcionamento do organismo. Os sintomas iniciais do câncer de próstata, por exemplo, são ardência ao urinar, micção excessiva à noite, presença de sangue na urina ou no sêmen, dor ao ejacular e jato urinário fraco. Já os pacientes com câncer de mama podem enfrentar dores, ardência e vermelhidão na região, conforme informações do Ministério da Saúde.


Entretanto, o órgão alerta que há doenças que evoluem de forma silenciosa, e o paciente pode não perceber nenhuma manifestação até o dia do diagnóstico. Em todos os casos, receber a notícia de uma doença grave pode impactar a saúde mental.


A cantora Preta Gil compartilhou com o público, em 2023, que havia sido diagnosticada com um adenocarcinoma na parte final do intestino. Em suas redes sociais, a artista revelou que se ausentaria da internet para focar em seu tratamento e que cuidaria, também, de sua saúde mental.


“Queria começar esse texto dizendo que estou doente e não me refiro ao câncer. Estou doente emocionalmente“, compartilhou à época. “Eu decidi que preciso me ausentar das redes sociais e mergulhar mais fundo na minha cura emocional e espiritual, pois sinto que essa dor está atrapalhando meu processo de cura do câncer.”


De acordo com o Sistema Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNA-SUS), a descoberta de uma doença é marcada por angústias e receios, o que pode levar o paciente a desenvolver ansiedade, depressão e sentir a necessidade de isolamento social.


Os primeiros impactos na saúde mental são perceptíveis com os questionamentos e o famoso “E se?”. Segundo a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), as dúvidas e os receios interferem na rotina do paciente e podem impactar no tratamento da doença.


Importância do acompanhamento psicológico


A saúde mental está totalmente ligada à saúde física, é o que afirma a Organização Mundial da Saúde (OMS). Por esse motivo, é comum ver pessoas com ansiedade desenvolverem problemas como dermatite e gastrite nervosa. O órgão defende que o acompanhamento psicológico seja feito em todas as etapas da vida, principalmente, em situações que envolvem o diagnóstico de doenças graves.


Segundo a UFS, o apoio de um profissional da área da psicologia deve ser contínuo, começando logo após a descoberta da doença e seguindo todo o processo do tratamento, incluindo o período pós-transplante, caso haja.


De acordo com a Organização Nacional de Centros de Oncologia e Hematologia (ONCOH), o psicólogo tem a função de avaliar e reconhecer todas as questões psicológicas, sociais e comportamentais usadas para lidar com o impacto causado pela doença.


Após descobrir o câncer de mama, a esteticista Joana Ribeiro conta que se viu perdida em mil pensamentos e que foi o com o apoio da psicologia que conseguiu lidar melhor com uma das fases mais desafiadoras de sua vida.


“Para mim, foi algo muito novo, uma vez que eu nunca tive acompanhamento psicológico em momento nenhum na vida. Naquela época, a minha cabeça estava confusa, e a psicóloga me ouvia, pedia para eu falar o que sentia e o que eu esperava no tratamento. Após falar, ela me auxiliava a reorganizar minhas ideias e me encorajava.”


Segundo a SDPM, o apoio profissional contribui diretamente para o tratamento, já que diminui os pensamentos negativos e os sintomas de ansiedade e depressão. O órgão relata que os benefícios do suporte psicológico podem ser percebidos nos pacientes e em sua rede de apoio, que se tranquiliza ao ver o familiar ou amigo lidando com a doença.


Aos 63 anos, Joana nunca havia ido ao psicólogo, mesmo tendo uma filha que fazia acompanhamento para lidar com a ansiedade. A esteticista considera que ter o suporte foi essencial para a sua saúde, desde o diagnóstico e, principalmente, durante o período de rádio e quimioterapia.


“Vi meus cabelos caírem após a quimioterapia e consegui lidar muito bem com isso. Certamente, o acompanhamento psicológico teve um papel fundamental nessa fase também”, afirma. “Continuo em tratamento medicamentoso contra a doença, mas logo, logo terei alta. Mesmo assim, toda vez que vou ao hospital para as consultas de rotina, a psicóloga faz questão de conversar comigo e saber como estou. Hoje vejo a importância da terapia, tanto quando estamos passando por uma doença grave como esta, quanto na vida cotidiana.”


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