O projeto “Conservação e manejo de recursos genéticos do butiazeiro (Butia odorata)”, desenvolvido pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), doou 140 mudas de butiá para famílias de agricultores de Viamão. 

O objetivo da iniciativa é fomentar a conservação das espécies de butiazeiro, por meio da sua valorização ambiental, cultural e econômica. Recentemente, as atividades têm se expandido para demandas voltadas à oferta de mudas para produtores rurais, buscando o manejo e uso sustentável dos butiazeiros. 

Na sexta-feira, dia 15 de setemnbro, as agricultoras Isabel Monjeló Dalenogare e Dayana Machado receberam suas mudas. Ambas fazem parte do assentamento Filhos de Sepé, no município de Viamão, onde vivem 376 famílias. Elas participam do projeto Mulheres da Terra, desenvolvido há 20 anos, que alia geração de renda e cultivo da terra com preservação ambiental.

“O butiá é muito referente, faz parte da minha infância. Além de ser bonito de ver e gostoso de comer, ainda gera renda. Em seis anos, vamos convidar vocês pra virem aqui comer os primeiros frutos”, disse Isabel para a equipe.

“A preservação ambiental e a produção de alimentos e de vida estiveram sempre muito presentes, junto de nós. E nós, mulheres, sempre cuidamos daquilo que é do lugar, que é da terra, como os butiás, que estão ameaçados de extinção”, afirmou Dayana. “Onde nasce um butiazeiro, a gente já protege logo”, destacou.

No total, 14 famílias receberam as doações, de dez mudas para cada. “Foi um contato muito interessante, pois contempla um grupo de 14 famílias de agricultores inseridos numa matriz de agricultura orgânica e conservacionista. A cultura do butiá e o aproveitamento da fruta são estratégicos dentro de uma visão sustentável de produção”, afirmam os pesquisadores do Centro de Diagnóstico e Pesquisa de Viamão, Gilson Schlindwein e Adilson Tonietto, responsáveis pelas pesquisas com butiás.

As mudas distribuídas são de uma variedade muito produtiva de butiá e com frutos de ótima qualidade, visando atender o consumo em escala comercial. 

Também faz parte do projeto a coleta de solo para análise em todas as 14 propriedades onde serão implantados os pomares. Com isso, será possível fazer correções do solo para melhorar o desenvolvimento das mudas de butiazeiro, além de permitir o acompanhamento do crescimento em diferentes condições de solo e sistemas de manejo.  

“É importante para o trabalho que esse acompanhamento inicial seja realizado. Como as plantas ainda levarão alguns anos para começarem a produzir, poderemos avaliar no futuro como foi a adaptação delas naquela região. Da mesma forma, também vamos avaliar nos outros locais do Estado onde as mudas de butiá também foram introduzidas”, destacou o agrônomo e pesquisador da área de fertilidade e biologia do solo, Bruno Lisboa. 

Gilson ressaltou a importância da integração entre proteção do meio ambiente e retorno econômico para as famílias da região. “Este é só o início de uma parceria que visa à inclusão do butiá em sistemas de cultivo, integrando conservação ambiental com geração de renda para a agricultura familiar.”

“É uma forma de fazermos com que essas plantas ameaçadas de extinção, os butiás, possam seguir povoando o mundo por meio das nossas mãos. Cada árvore que a gente planta, a gente se planta no mundo também”, disse Dayana.

Mais informações sobre mudas – Laboratório de Sementes de Viamão pelos telefones (51) 3288-8030 e (51) 3288-8037.
  

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