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Deputada Luciana Genro propõe criação de Dia da Dança Afro-Brasileira no Rio Grande do Sul

O dia homenageia a bailarina Mercedes Baptista, a primeira mulher negra a integrar o corpo de balé do Teatro Municipal do Rio de Janeiro
29/09/2021 Agência de Notícias ALRS - Foto: Celso Bender / Divulgação

O dia 18 de agosto pode passar a ser reconhecido como o Dia da Dança Afro-Brasileira no Rio Grande do Sul. É o que propõe a deputada Luciana Genro (PSOL) em projeto de lei protocolado na sexta-feira, dia 24 de setembro de 2021, que visa incluir a data no Calendário de Eventos Oficial do estado. O dia homenageia a bailarina Mercedes Baptista, a primeira mulher negra a integrar o corpo de balé do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e precursora da dança afro-brasileira.

A iniciativa foi idealizada pela professora Perla da Silva dos Santos, uma das coordenadoras do Projeto Meninas Crespas, que tem articulado importantes movimentos de base em torno da manutenção da memória de Mercedes Baptista para a cultura negra no nosso país. Foi a partir do contato de Perla que o mandato da deputada Luciana Genro elaborou a proposta de lei.

“Essa homenagem à Mercedes Baptista busca valorizar a Dança Afro-Brasileira e fomentar atividades que valorizem essa importante forma de expressão artística. O Rio Grande do Sul é o estado com maior número proporcional de adeptos de religiões de matriz africana e sabemos que a Dança Afro-Brasileira tem esse diálogo muito forte com a religião”, coloca a deputada.

Em Porto Alegre, a data já está no calendário da cidade, a partir de um projeto da vereadora Karen Santos (PSOL), também por sugestão de Perla, aprovado no ano passado. A ideia do movimento é promover o dia também em outras cidades e estados.

Nascida no ano de 1921, no interior do Rio de Janeiro, Mercedes estudou na Escola de Dança da bailarina Eros Volússia e na Escola de Danças do Teatro Municipal nos anos 1940. Ela ingressou no corpo de baile do Teatro Municipal em 1948, por concurso público. No entanto, foi vítima de racismo e foi selecionada poucas vezes para espetáculos devido ao forte preconceito em relação a bailarinos negros existente no Brasil.

Na mesma época, tornou-se colaboradora, bailarina e, depois, coreógrafa do Teatro Experimental do Negro (TEN), fundado por Abdias do Nascimento. Nos anos 1950, a partir de sua atuação no TEN, conseguiu uma bolsa de estudos com Katherine Dunham (a matriarca da dança negra norte-americana) nos Estados Unidos para passar um ano no país.

Ao retornar ao Brasil, decidida a formular uma proposta de dança ligada à cultura afro-brasileira, Mercedes passou a investigar a dança dos candomblés brasileiros, frequentando a casa do amigo e pai de santo Joãozinho da Goméia, no Rio de Janeiro. Inclusive, havia filhos de santo da casa que eram bailarinos do grupo.

A bailarina contava também com a ajuda do grande pesquisador e folclorista Edson Carneiro. A partir daí, Mercedes fundou em 1953 o “Ballet Folclórico Mercedes Batista”,  que teve uma trajetória de sucesso, realizando excursões pelo Brasil, países sul-americanos e na Europa.

A partir dos anos 1970, Mercedes passou a se dedicar ao ensino, além de seguir atuando como coreógrafa. No Brasil, tornou-se professora da Escola de Dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, ministrando a disciplina “Dança Afro-Brasileira”. Nos EUA, ministrou cursos no Connecticut College, no Harlem Dance Theather e no Clark Center de Nova York. Reconhecida internacionalmente, a bailarina foi homenageada por diversas escolas de samba, pela Câmara do Rio de Janeiro e seu nome batizou uma sala de dança do Centro Cultural José Bonifácio. Faleceu no dia 18 de agosto de 2014, aos 93 anos.  
 
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