De acordo com a pesquisa "Sem parar: o trabalho e a vida das mulheres na pandemia", da Gênero e Número e da Sempreviva Organização Feminista, metade das mulheres brasileiras passou a cuidar de alguém durante a pandemia. Entre abril e maio, foram entrevistadas 2.641 mulheres, de todas as regiões do Brasil, em áreas urbanas e rurais.

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Cerca de 80% dessas mulheres estão cuidando de familiares, 24% de amigos e 11% de vizinhos. Para a psicóloga e docente da Faculdade Senac Porto Alegre, Adriana Ferreira, essa sobrecarga em cima das mulheres pode ser explicada pela sociedade machista em que ainda vivemos.

"Nossa sociedade sempre designou os cuidados com a família ao papel feminino, e o sustento ao homem. Hoje sabemos que na realidade atual a maioria das mulheres não somente cuida da casa, mas mantém a casa através do seu trabalho. Acredito que algo cultural ainda está fortemente alicerçado a forma de funcionamento social."
 
Uma pesquisa do IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP), conduzida pela equipe do neuropsicólogo Antônio de Pádua Serafim, identificou que as mulheres foram as mais afetadas emocionalmente durante a pandemia.

Elas foram responsáveis por 40,5% de sintomas de depressão, 34,9% de ansiedade e 37,3% de estresse dos três mil voluntários ouvidos. Tais resultados vão de encontro a esta sobrecarga que as mulheres estão enfrentando na pandemia.

"O acúmulo de responsabilidades e tarefas podem levar ao estresse negativo chamado de "distress", o qual pode acarretar em exaustão, somatização e ao famoso Burnout", explica a psicóloga.
 
Adriana revela que a procura por atendimento psicológico durante a pandemia aumentou significativamente. Entre os principais sintomas identificados pela psicóloga estão dificuldades para dormir, insônia a partir das 4 horas da manhã, cansaço, irritabilidade, ansiedade e em alguns casos depressão. E a pergunta que muitos fazem é: como lidar com essa situação, de que maneira pode-se melhorar a saúde mental neste momento? A psicóloga dá algumas dicas:
 
O primeiro passo refere-se ao adotar hábitos saudáveis: exercício físico diário de pelo menos 40 minutos, alimentação saudável e muita água.
 
O segundo passo refere-se a reservar algum momento do dia para "ela" mesma: nem que seja o momento do banho -um banho à luz de velas-, música ou algo que ela goste para relaxar e descansar a mente.

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A sobrecarga em cima das mulheres infelizmente é uma característica advinda da cultura brasileira que se alicerça no machismo, onde as mulheres possuem a responsabilidade de cuidar da casa além de contribuírem financeiramente. Apesar disso, elas devem se preocupar com a saúde e bem estar, porque por mais fortes que sejam, ninguém vai a lugar algum sem saúde. O equilíbrio é chave do sucesso.