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Lugar de adolescente também é na Unidade Básica de Saúde

Programa, em Pelotas, leva, à rede pública de ensino, informações sobre nutrição, prevenção da gravidez e perigos das drogas
03/10/2019 Assessoria de Comunicação de Pelotas / Daiane Santos – Foto: Igor Sobral

Alguns são tímidos demais, outros têm vergonha de contar para um adulto – mesmo que seja um profissional da saúde – as dúvidas e dificuldades pelas quais estão passando.

Pensando em criar uma ponte entre os adolescentes e os serviços públicos de saúde de Pelotas, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde (SMS) e da Secretaria de Educação e Desporto (Smed), aderiu ao programa federal Saúde na Escola (PSE), focado em levar informações relevantes às crianças e adolescentes da rede pública de ensino.

Cuidados básicos à saúde e transformações do corpo, nutrição, orientações sobre prevenção da gravidez na adolescência e de doenças sexualmente transmissíveis, perigos das drogas e diversos outros assuntos são apresentados aos alunos em formato de palestra, de acordo com a faixa etária. “Ouvir as necessidades das crianças e jovens é o primeiro passo para ajudá-los a crescer saudáveis e seguros”, garante a coordenadora do PSE, Jacqueline da Silva Dutra.

Segundo ela, o trabalho inicia-se já com os pequenos, que recebem orientações relacionadas à alimentação e à necessidade de cuidar bem do meio ambiente, dentre outros temas; e chega aos adolescentes, que são incentivados a procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) sempre que precisarem de atendimento.

“Ao proporcionar informação de forma consistente e criativa, criamos um ambiente seguro e saudável, propício a criação de uma relação de confiança. O jovem se sente seguro para contar suas dúvidas e dificuldades.”

Nas escolas

Atualmente, 123 educandários fazem parte do programa em Pelotas; caso da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Dona Maria Joaquina, no Cerrito Alegre, 3º distrito. Por lá, as equipes da UBS trabalham para incentivar nos mais jovens o interesse pelo cuidado em saúde.

“Esse é o público que menos procura a unidade. Ao vir para a escola, que é um cenário mais conhecido deles, abrimos portas para uma aproximação. Eles tiram muitas dúvidas com a gente”, conta a enfermeira da unidade do Cerrito Alegre, Sinara Klering.

Bom para o estudante no 9º ano, Samuel Mendes Jansen, 14 anos. Por ser tímido, ele não costuma ir muito ao médico e aproveita as visitas mensais da equipe da unidade básica para esclarecimentos. “Ajuda muito, principalmente a parte que fala dos perigos das drogas. Nós precisamos conhecer o tema, entender os males que causam”, diz.

A aluna do 6º ano, Elisa Blaas, 11 anos, também gosta das palestras e ações realizadas por intermédio do programa. “A gente aprende a comer melhor, a saber quando um bicho é perigoso e a cuidar da nossa saúde. Acho muito legal.”

Conforme a coordenadora pedagógica dos Anos Iniciais da escola, Elisângela Bonow, todos acabam sendo beneficiados pela iniciativa. “Os pais também participam, pois os estudantes levam para eles o que é ensinado aqui”, afirma a educadora, que continua: “muitos casos de depressão já foram diagnosticados graças a esse trabalho, fora outras situações que eles estavam com vergonha de contar para os pais e acabaram desabafando com a gente, pedindo ajuda". "Como temos o PSE", explica a profissional, "ficou mais fácil encaminhar esses casos”.

É na infância que se aprende

Na UBS Bom Jesus, as equipes dividem-se, atendendo crianças até 6 anos e os mais velhos. A agente comunitária de Saúde (ACS) Cristiane Barbosa Botelho atua há 15 anos na unidade e avalia positivamente o trabalho iniciado pelo PSE no ano passado. Pelo menos uma vez por mês, ela e os colegas vão até a Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) Nelson Abott de Freitas para ensinar pais e alunos a ter uma relação melhor com a saúde.

“Falamos sobre violência doméstica, segurança no trânsito, primeiros socorros, enfim, assuntos que são de interesse dos pais e já vão preparando as crianças para a vida. Elas são bem curiosas e é muito satisfatório trabalhar em conjunto”, conta Cristiane.

A unidade básica, assim como as demais, recebeu capacitação para atuar no Saúde na Escola. Os funcionários foram orientados sobre como abordar a faixa etária e destacar a importância de cuidar da saúde, com foco nas cadernetas de Saúde da Criança e do Adolescente, onde os jovens encontram orientações e informações relevantes sobre cada etapa de desenvolvimento.
 
Reconhecimento

Recentemente, o Programa Saúde da Escola foi reconhecido na 16ª Mostra Brasil - Aqui tem SUS, promovida pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). O projeto será tema da quarta temporada do documentário WebDocs Brasil/Conasems.

De acordo com Jacqueline – autora do trabalho junto às colegas Thais Huckenbeck e Angelina Pontes da Silva –, o reconhecimento não é só a quem escreveu o projeto, mas também aos mais de 800 trabalhadores da Atenção Básica da cidade e aos mais de 120 orientadores educacionais que integraram a iniciativa e a fizeram dar certo.

“É uma parceria, e levar esse retorno às equipes faz com que perceberem a importância do que realizam. Não é mais aquele trabalho que dá 'trabalho', mas uma ação que foi reconhecida e valorizada nacionalmente por fazer, de fato, a diferença”, garante Jacqueline.



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