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Escolas da região de Canoas usam internet para enviar Aulas Programadas durante a quarentena

Alunos da Escola Antônio Francisco Lisboa, Ana e Fabrício recebem os conteúdos das Aulas Programadas pela internet
14/04/2020 Ascom Seduc / Edição: Secom - Foto: Divulgação / Seduc

Com a missão de garantir a oferta de Aulas Programadas a todos os alunos da Rede Estadual de Ensino, seja pela distribuição física dos materiais didáticos ou pelo uso de plataformas digitais, as equipes diretivas e os professores das instituições de ensino têm buscado alternativas para aplicar os conteúdos durante a quarentena, que será mantida pelo menos até 30 de abril.

Em escolas da 27ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), da região de Canoas, mesas, cadeiras e cadernos cederam lugar, temporariamente, a grupos no WhatsApp, no Facebook e interações em ferramentas do Google.

Uma das instituições a adotar os meios digitais para suas aulas é a Escola Estadual de Ensino Fundamental Antônio Francisco Lisboa, que atende cerca de 400 anos do 1° ao 9° Ano. Conforme a diretora Mabel Luiza Leal, a escolha decorreu de uma tentativa de evitar que pais e estudantes precisassem abandonar o isolamento social, recomendado pelo Ministério da Saúde, para buscar o material das aulas na escola. Como se concluiu, em levantamento da instituição de ensino, que a quase todos os alunos têm acesso à internet, foi possível aplicar esse modelo.

“A maioria dos pais e dos alunos têm Facebook, por exemplo. Nós usamos a ferramenta desde 2011 para postar coisas sobre a escola e, por isso, este foi o primeiro recurso que encontramos para divulgar as nossas atividades”, comenta Mabel. Os poucos alunos que não têm acesso à internet estão tendo suas situações solucionadas pelos professores regentes das turmas.

Conforme a diretora, as atividades on-line têm sido um sucesso: até professores de disciplinas pouco afeitas ao mundo digital, como a Educação Física, têm usado vídeos, textos, áudios e imagens para ensinar suas turmas. Além do Facebook, muitos docentes criaram grupos de WhatsApp com pais e alunos. Dependendo da idade dos estudantes, foram compartilhadas pastas do Google Drive com materiais e alguns utilizam o Google Classroom, que se propõe a ser uma sala de aula virtual.

A surpresa, para Mabel, foi perceber que os estudantes estão até mais motivados com as atividades digitais do que normalmente estariam com as presenciais. “Eles estão pesquisando muito mais por conta própria. A gente fica bem grata, porque esse modelo só vai funcionar se eles estiverem atuantes, tendo autonomia”, comenta.

A escola já estava incluindo aos poucos os recursos digitais na sua metodologia. “Os processos vão mudando e vamos nos reinventando. Eles gostam de usar celular e computador, por exemplo, também nas atividades”, comenta a diretora. O próximo passo será tentar implementar videoconferências nas reuniões entre os professores e, depois, também junto aos alunos.

Mabel acredita que a inserção da tecnologia se manterá na escola após a quarentena e salienta que o incremento vai ao encontro de projetos realizados na instituição, como o programa Jovem RS Conectado no Futuro, que permite a montagem de um espaço maker na escola totalmente voltado para plataformas digitais. “Isso vai mudar bastante a nossa realidade, porque motiva os estudantes que não querem mais ficar sentados olhando para o quadro”, avalia.

A chefe de cozinha Nilva Magni está passando a quarentena em casa com quatro estudantes do Francisco Lisboa: seu filho, Fabrício, de 15 anos; a namorada dele, Ana, de 13; e os dois sobrinhos, Nícolas, de dez, e Gabriela, de sete. A adaptação ao novo modelo de ensino tem sido boa.

“É mais difícil explicarmos o conteúdo, porque não tem um professor presencialmente para ensinar, mas tentamos colocar os trabalhos em pauta. Toda a explicação está ali, há questionários, links que ajudam bastante, um grupo de WhatsApp para cada turma e o grupo das matérias, isso é muito bom”, destaca Nilva, que se sente feliz por poder participar mais da educação das crianças.

Mais interação dos alunos

A Escola Estadual de Ensino Médio André Leão Puente, de Canoas, também está empenhada em usar da melhor maneira possível as ferramentas digitais disponíveis. Como os 1.070 alunos já são adolescentes, foi mais fácil fazer a adaptação, de acordo com o diretor Felipi Vidal Fraga.

“Criamos no Google Classroom uma estrutura com todas as turmas. Junto com isso, fizemos grupos para cada turma no Facebook e no WhatsApp. As atividades são todas postadas no Classroom e o professor que preferir a interação com os alunos nas redes pode conversar pelos outros meios também”, relata. Em paralelo, os docentes usam o canal da escola no YouTube e videoconferências por Skype para fazer explicações mais longas sobre determinadas matérias.

Assim como Mabel, Fraga tem percebido uma interação maior por parte dos alunos com as Aulas Programadas on-line. “Eles estão entregando mais os deveres em dia e, não sei se por que, estão tendo mais tempo disponível para as tarefas, e parecem estar gostando mais de fazê-las”, observa. A instituição tem um projeto de realização de podcasts pelos estudantes, que têm sido mais escutados desde o início da quarentena.

Solidariedade entre as escolas

A coordenadora da 27ª CRE, Sônia Rosa, relata que o uso de ferramentas digitais pelos professores já era algo em processo de elaboração pelo Departamento de Educação, da Secretaria da Educação (Seduc), e foi aplicado agora em virtude da pandemia de coronavírus. “A devolutiva desse material tem sido muito bacana. Eu tenho visto trabalhos maravilhosos envolvendo professores, alunos e até pais”, aponta.

Tem chamado a atenção de Sônia o espírito de solidariedade entre as escolas, com diretores corroborando com os trabalhos uns dos outros. “Isto não tem preço para a educação. Coloca a rede em outro patamar de aproximação com a tecnologia. Tem sido um momento de muito aprendizado”, afirma.

As escolas têm tido liberdade para decidir sobre se querem oferecer as Aulas Programas de forma física, entregando os materiais a pais e professores na própria instituição, ou se preferem usar ferramentas tecnológicas. Mesmo com essa autonomia, a coordenadora não tem dúvidas de que este momento de quarentena irá gerar transformações permanentes.

“Jamais seremos os mesmos. O uso das tecnologias já é uma crescente, muitas escolas têm usado e, agora, outros professores tiveram que se desacomodar. A mudança só se realiza fazendo, tirando dúvidas uns com os outros”, defende. Sônia acredita, ainda, que os professores também estão aprendendo com os alunos, que já nasceram entrando em contato com a internet e as ferramentas digitais.

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