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Bolsonaro veta integralmente projeto sobre investigação de violência contra menores no ambiente familiar

Projeto contraria o interesse público ao ofender o princípio da intervenção mínima
17/12/2019 Agência Câmara Notícias – Foto: Ulrike Mai from Pixabay / Divulgação

O presidente Jair Bolsonaro vetou integralmente projeto de lei que estabelecia a adoção de ação penal pública incondicionada para crimes de lesões corporais leves ou culposas praticados contra menores de 18 anos ou incapazes, no ambiente familiar.

O projeto de lei (PL 4767/16) acrescentava parágrafo único ao art. 88 da Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, e foi apresentado pela então senadora Gleisi Hoffmann, atualmente deputada federal pelo PT do Paraná.

Ao vetar o projeto (Veto 51/2019), Jair Bolsonaro justificou que a proposição, ao prever a ação pública incondicionada nos casos de violência doméstica contra menor ou incapaz, contraria o interesse público ao ofender o princípio da intervenção mínima, para o qual o direito penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário.

Ademais é aplicável à espécie o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), nos termos da jurisprudência da Corte Superior de Justiça, concluiu o presidente da República.

Ao apresentar o projeto, Gleisi Hoffmann apontou a existência de uma “distinção injustificável” baseada apenas no sexo para o início de persecução penal nos crimes de lesão corporais leves ou culposas nos quais a vítima é menor ou incapaz.

“Quando são praticadas lesões corporais leves ou culposas, em face de vítima menor ou incapaz e do sexo feminino, a persecução criminal é iniciada de ofício, com base na Lei Maria da Penha, se o crime for praticado no âmbito doméstico e familiar. Por sua vez, quando a vítima é do sexo masculino, a persecução criminal depende da iniciativa de seu representante legal, que, muitas vezes, não tem interesse no prosseguimento do feito, seja por motivo de foro íntimo ou porque é o próprio ofensor (e tal fato ainda não foi revelado às autoridades públicas, o que impede a designação do curador)”, alega Gleisi Hoffmann na justificativa do projeto.

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