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Especialistas defendem volta às aulas presenciais com protocolos de segurança sanitária

Em audiência na comissão externa, representante dos municípios pede prioridade na vacinação de professores
19/12/2020 Agência Câmara de Notícias – Foto: Gustavo Sales/Câmara dos Deputados

Parlamentares, dirigentes públicos de educação e profissionais de saúde defenderam na quinta-feira, dia 17 de dezembro de 2020, o retorno de aulas presenciais o mais rapidamente possível, seguindo protocolos de segurança para evitar a disseminação do coronavírus. A posição unânime foi tomada durante audiência pública da Comissão Externa da Câmara dos Deputados que acompanha as ações de combate à Covid-19.

Os debatedores afirmaram que a volta às aulas não pode depender do cronograma de vacinação. Salientaram que a escola é uma ferramenta de proteção social, evitando, por exemplo, a violência contra crianças. A interrupção de atividades nas unidades de ensino, segundo os especialistas, pode trazer consequências graves para o rendimento escolar. Uma preocupação salientada também pela deputada Adriana Ventura (Novo-SP).

“Como pode acontecer uma educação infantil remota? Como pode acontecer alguma educação sem professor perto? Ninguém aprende sozinho em tablet. Foi um ano sem alfabetização. Estou falando de Fundamental 1, Fundamental 2, Ensino Médio, Educação Infantil. E o que mais deixa a gente preocupado é que esse apagão da educação no ano de 2020 no nosso país, ele ratifica uma exclusão, ele torna mais desigual aquela famosa oportunidade na base, e torna ainda maior a diferença entre a escola pública e a escola privada”, disse.

Vacinação de professores

O presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz Miguel Garcia, negou que tenha havido um apagão na educação básica neste ano, porque muitos profissionais continuaram trabalhando. Ele reivindicou um programa nacional de retorno às aulas e reclamou que os professores estão no quarto grupo da primeira etapa de vacinação anunciada pelo Ministério da Saúde.

A secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Izabel Pessoa, listou as ações para auxiliar as redes de ensino, como uma verba de R$ 615 milhões para aquisição de itens de higiene e adequações no espaço físico. Um desafio é que os anos letivos de 2020 e 2021 serão cursados simultaneamente. A secretária chamou a atenção para a necessidade de evitar que os estudantes abandonem a escola.

“O Brasil está entre os países que mais tempo ficou com suas escolas fechadas. Então a gente imagina que vai ser um impacto forte, principalmente na questão da evasão e na aprendizagem escolar”, disse.

Situação nos estados

O secretário de Educação de São Paulo, Rossieli Soares, enfatizou que a proteção contra o coronavírus não é incompatível com a volta às aulas presenciais. Ele disse que atualmente há 2.800 estabelecimentos em atividade no estado e nenhum registro de transmissão de Covid-19 dentro das escolas.

Já o secretário de Educação de Santa Catarina, Natalino Uggione, detalhou como será o retorno dos alunos em 18 de fevereiro de 2021, com o estado patrocinando serviço de internet para professores e estudantes.

“Para cumprir o regramento, muito provavelmente as escolas terão que dividir as turmas em dois grupos. Então, um grupo estará na escola uma semana e o outro grupo em casa; na semana seguinte, a gente alterna e esse conteúdo que será trabalhado pelo professor em sala de aula será então transmitido ao mesmo tempo, na mesma forma que o professor ensinar para os que estão presentes, ele vai transmitir para os alunos que estão em casa”, explicou.

Isolamento e saúde

Profissionais de saúde convidados para a audiência pública salientaram que as crianças não são disseminadoras da Covid-19, além de se infectarem menos, serem mais assintomáticas e menos sujeitas a complicações. A infectopediatra Luciana Becker Mau explicou os prejuízos de um isolamento social prolongado.

“A gente vê jovens crescendo, problemas importantes de saúde mental como depressão, aumento importante das ideações suicidas; aumento bastante relevante da obesidade devido à insegurança alimentar que as crianças têm sofrido; aumento importante dos casos de miopia pelo uso prolongado de telas; aumento de transtornos de ansiedade e do sono, que são efeitos imensos e duradouros que a gente vai levar para essa geração inteira por muitos e muitos anos”, observou.

Os participantes da audiência pública ressaltaram que os planos de retomada das aulas devem levar em conta as diferenças de condições das escolas públicas. Também alertaram que a troca de prefeitos em vários municípios na virada do ano não pode prejudicar a continuidade desse planejamento.

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