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Mitos e verdades sobre a radioterapia

Alexandra Martins Furtado é docente do curso de especialização pós-técnica em Radioterapia no Senac Saúde
28/11/2020 Usine de Notícias – Foto: Divulgação

A radioterapia utiliza radiação ionizante para matar as células cancerígenas. Ela divide-se em teleterapia e braquiterapia. Na primeira, a fonte é colocada a uma determinada distância do paciente.

Já na braquiterapia a fonte é levada até o tumor por meio de cateteres até os aplicadores. Pela utilização de radiação ionizante para os tratamentos de tumores, a radioterapia penetra no nosso corpo, geralmente na área a ser recebida esta dose, chegando até a célula onde faz lesões na fita do DNA.

Quando as células cancerígenas forem dividir-se ocorre esse dano, deixando elas comprometidas na sua divisão e ocasionando a morte celular. As células tumorais dividem-se muito rápido e é por isso que são mais afetadas pela radioterapia.

Cada quebra faz com que elas não consigam reproduzir-se e assim acabam morrendo. Durante a radioterapia, algumas células normais também podem ser atingidas e sofrer danos, mas, neste tipo de tratamento, a regeneração celular tem maior capacidade de recuperação dos danos causados pela radiação.

Nos últimos anos, a radioterapia vem crescendo em tecnologia e inovações, tornando possível administrar doses maiores e mais concentradas no volume tumoral, poupando ao máximo os tecidos normais em um curto espaço de tempo. Assim, aparecem novos e recorrentes dúvidas, preocupando pacientes que ficam curiosos e, ao mesmo tempo, apreensivos.

A primeira pergunta que fazem é: será que vou sair radioativo daqui? E a resposta é não. A pessoa não sairá radioativa do lugar, nem irá carregar radiação para casa. A radioterapia só funciona quando o paciente está deitado na mesa do equipamento, com as portas fechadas e todos os cuidados necessários tomados. O aparelho não funciona se o paciente estiver saindo da sala ou o técnico entrando, por exemplo.

Caso o paciente for fazer uma braquiterapia de próstata, por exemplo, onde são implantadas sementes radioativas, é solicitado que não pegue crianças no colo, porque estará com material radioativo dentro do corpo.

A radioterapia no meu útero, vai me causar infertilidade? Não na braquiterapia, pois a dose que chega nos ovários é muito baixa. Já na radioterapia sim, pode causar infertilidade.

Estou fazendo radioterapia externa, posso abraçar as pessoas? Sim, pois não há fonte radioativa no corpo do paciente e na braquiterapia quando são removidas as fontes. Não é preciso ter medo dos pacientes que estão fazendo radioterapia.

A duração da sessão de radioterapia pode variar de dez minutos até uma hora, dependendo da lesão ou quantas lesões esse paciente irá tratar. Depende também da técnica utilizada e a dose diária a ser administrada neste paciente. Às vezes, brincamos com o paciente dizendo que demoramos mais para trocar a roupa do que para realizar o tratamento. Isso é porque o paciente precisa entrar na sala, trocar a roupa, ir até a sala de tratamento, tirar o calçado, deitar na mesa de tratamento. Aí posicionamos nas marquinhas, saímos da sala, realizamos imagens para certificação do posicionamento e checagem de planejamento. Só depois de tudo isso é que começamos o tratamento.

A radioterapia vai fazer perder meu cabelo e os pêlos do corpo? Sim, porém depende da dose que chega no couro cabeludo ou na pele onde tem pelos, mas voltam a crescer normalmente. A irradiação pode causar algumas falhas no cabelo ou até mesmo a queda total, dependendo do local afetado. Não podemos deixar a peteca cair: usam-se lenços e perucas, o importante é você ficar saudável. Em geral, os cabelos voltam a crescer. Nos casos de tratamentos de cabeça e pescoço os homens perdem um pouco da barba, na pelve perde-se os pelos pubianos.

Posso dirigir após o tratamento? Em geral sim, alguns casos como tratamento de crânio é solicitado que pare de dirigir pelo menos nesse período. Em geral, segue-se uma vida normal durante o tratamento de radioterapia.

Podemos realizar tratamento de radioterapia simultaneamente com outros tratamentos? Sim, temos muitos tratamentos concomitantes com a radioterapia.

Por que ficamos queimados após o tratamento? Não ficamos queimados, o que acontece é uma inflamação da pele. Como a radioterapia é cumulativa ela vai fazendo a lesão no DNA das células da pele. Por sua vez, elas se dividem muito rápido, podendo causar essa inflamação maior e efeitos como pele vermelha, bolinhas na pele, coceira, descamação. Outras pessoas, por sua vez, não sentem absolutamente nada, não tem sintomas nenhum. Isso ocorre durante o tratamento de radioterapia. Quinze dias após o término, já se tem uma melhora significativa com a regressão dessa inflamação e, trinta dias depois, a pele se regenera.

É importante salientar que não somos iguais. Bem pelo contrário, somos muito diferentes. Cada organismo reage de uma forma e nem todos terão os mesmos efeitos colaterais. Neste 27 de novembro se comemora o Dia Nacional do Combate ao Câncer. Quero desejar todo apoio e carinho aos pacientes que estão nesta luta e, também, aos profissionais da área que dão o seu melhor diariamente. Muita força a todos!

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