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Operação Império da Lei II transfere nove líderes de organizações criminosas para penitenciárias federais

Sob coordenação do RS Seguro e com apoio de 15 instituições, ofensiva emprega 490 agentes, 70 viaturas e duas aeronaves
09/11/2020 Ascom SSP / Edição: Secom - Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini
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A integração entre as forças de segurança e poderes das esferas federal e estadual concretizou nesta segunda-feira, dia 9 de novembro de 2020, nova ofensiva para neutralizar a cadeia de comando do crime no Rio Grande do Sul.

Sob coordenação do programa RS Seguro, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) e a Secretaria da Administração Penitenciária (Seapen) deflagraram a Operação Império da Lei II, que transferiu nove detentos de altíssima periculosidade e com posição de liderança nas principais organizações criminais gaúchas para penitenciárias federais fora do Estado.

Com a participação de 490 agentes e o emprego de 70 viaturas e duas aeronaves, a ação dá continuidade à primeira etapa da Império da Lei, que em março enviou 18 líderes de grupos criminosos para estabelecimentos do Sistema Penitenciário Federal (SPF). Entre os nove encaminhados agora, seis já eram alvo da fase anterior, mas haviam tido os pedidos de transferência negados.

A partir do trabalho das áreas de inteligência para robustecer os relatórios da Polícia Civil, o Ministério Público Estadual empenhou esforços para qualificar os recursos legais (agravos de execução), obtendo decisão favorável tanto do Poder Judiciário gaúcho como da Justiça Federal para os seis alvos. Entre eles, um já havia passado período em prisão fora do RS anteriormente e cinco serão transferidos pela primeira vez.

Completam a lista outros dois detentos que haviam voltado do SPF após ter o pedido de permanência indeferido. Eles irão retornar agora, também a partir de recursos do MP. Há, por fim, mais um criminoso, incluído nessa segunda etapa da Império da Lei e que também nunca havia sido removido do Estado.

Em respeito à Lei de Abuso de Autoridade, não será divulgada a identificação dos presos. Quatro deles integram organização criminosa originada no antigo Presídio Central, dois ocupavam posição de liderança em quadrilha baseada no Vale do Sinos, dois chefiavam ações de bando nascido no bairro Bom Jesus, em Porto Alegre, e outros dois não são faccionados, mas acumulam condenações por comandar delitos de extorsão mediante sequestro na Região Metropolitana.

A Império da Lei II teve participação de 15 instituições estaduais e federais. Pelo RS, além da SSP e da Seapen, atuaram Brigada Militar (BM), Polícia Civil (PC), Instituto-Geral de Perícias (IGP), Corpo de Bombeiros Militar (CBMRS), Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), Ministério Público e Poder Judiciário. Pela União, além do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), somaram-se esforços da Polícia Federal (PF), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

"Entre as três premissas do RS Seguro, talvez a integração seja a mais importante. A Operação Império da Lei II, com a união de todas instituições que estamos vendo aqui, simboliza exatamente essa premissa. Um trabalho irretocável de planejamento e execução, em horário antecipado para não gerar transtornos à população, e com uso de tecnologia de ponta para garantir a segurança necessária a todos os envolvidos. Fica o recado de que seguiremos atuando com rigor contra as facções. É o Estado contra o crime", disse o vice-governador e secretário da Segurança Pública, Ranolfo Vieira Júnior.

Além das nove transferências realizadas nesta segunda, dia 9, o Estado já obteve autorização do Poder Judiciário gaúcho e aguarda deferimento da Justiça Federal para outras três remoções. Novas solicitações poderão ocorrer para neutralizar a influência de detentos sobre grupos criminosos, conforme avaliação do monitoramento permanente realizado pelo RS Seguro. Com os alvos da Império da Lei II, chega a 45 a soma de detentos do Rio Grande do Sul isolados em penitenciárias federais.

Planejamento estratégico e cooperação para sucesso da ofensiva

Tão logo a aeronave decolou com os 18 presos transferidos em março, foi dada a largada no planejamento estratégico da Operação Império da Lei II. O comitê executivo do RS Seguro e as instituições envolvidas passaram a trabalhar na seleção de novos alvos e na complementação dos relatórios, com análise de informações de inteligência, sobre aqueles que haviam tido a transferência negada, para qualificar os recursos.

Com as representações conjuntas da Polícia Civil e do Ministério Público do Estado deferidas pelo Poder Judiciário estadual e federal ao longo dos últimos três meses, o passo seguinte foi articulação dos meios necessários para a ação de transferência.

Na sexta-feira, dia 6 de novembro, as chefias de todas as instituições envolvidas realizaram a reunião final de planejamento, no Centro Administrativo do Estado, na capital. Foi instalado o Gabinete Integrado de Inteligência com representantes de todos os órgãos envolvidos. Esse colegiado monitorou minuto a minuto, desde a Sala de Gestão na sede da SSP, em Porto Alegre, cada passo da ofensiva.
 
"Essa ação tem um reflexo de repressão imediato, ao isolar os principais líderes das maiores facções do Rio Grande do Sul. Mas, também, tem um caráter pedagógico aos que ficam: mostra que quem manda são as forças de Segurança do Estado", afirmou a chefe da Polícia Civil, delegada Nadine Anflor.

O procurador-geral de Justiça, Fabiano Dallazen, disse que a operação é uma etapa importante das atuações organizadas entre os órgãos de segurança do Estado e da União e dos órgãos do sistema de Justiça, como o Ministério Público, para a retirada das principais lideranças das facções criminosas.

“O intuito é desbaratar e desarticular as quadrilhas e o crime organizado que atuam no Estado. Participamos ativamente, pois um grande número dessas transferências foi conseguido mediante recursos do Ministério Público contra decisões de transferências que haviam sido indeferidas. Portanto, somos uma parte importante desse movimento que atua perfeitamente integrado e concatenado no combate à criminalidade”, destacou.

Na madrugada desta segunda, dia 9 de novembro, o trabalho teve início à meia-noite, com a preparação para remoção dos presos que seriam transferidos. Os detentos foram retirados da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) e da Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (PMEC) em comboio único de 45 veículos.

Às 4h, as viaturas da Divisão de Segurança e Escolta (DSE) da Susepe, do 1º Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da BM, da PRF, da Polícia Civil, da PF e uma ambulância do CBMRS partiram das duas casas prisionais.

Em cerca de uma hora, percorreram os 56 quilômetros até o Batalhão de Aviação da BM (BAV-BM), ao lado do aeroporto Salgado Filho. Um helicóptero da BM com imageador térmico acompanhou o comboio em todo o trajeto.

Para eventuais emergências, o CBMRS posicionou uma viatura de combate a incêndio na origem do trajeto e outra, equipada com desencarcerador, seguiu o comboio com retardado de alguns minutos para possibilitar o socorro imediato na hipótese de acidentes.

No BAV-BM, o comboio ingressou em um estacionamento exclusivo com acesso ao hangar. Em uma sala reservada do Batalhão, os detentos passaram por exames de corpo de delito, realizado por dois peritos médicos do IGP. Na sequência, foram entregues a agentes do Depen para embarque em um avião da PF, que decolou pouco depois das 11h, com destino a penitenciárias federais, onde serão mantidos isolados de qualquer contato com outros presos. Antes da viagem, os transferidos realizam testes RT-PCR para detecção da Covid-19 e o resultado de todos foi negativo.
 
Além da mobilização para o transporte, dias antes de deflagrar a Império da Lei II e durante a execução do plano, as forças de segurança reforçaram o patrulhamento em pontos estratégicos levantados pela área de inteligência da operação, em especial nas regiões de atuação dos transferidos.

A Operação Inpulsa da BM intensificou a presença ostensiva com tropas dos cinco Batalhões de Polícia de Choque (BP Choques) na capital e cidades da Região Metropolitana. Para prevenir reações e garantir a manutenção da ordem pública, além desse reforço, efetivos da Polícia Civil, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal seguirão com patrulhamento intensificado nos pontos estratégicos identificados pelo monitoramento permanente das áreas de Inteligência.

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