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Contratação de PCDs: não se prepare para receber a deficiência, se prepare para receber a pessoa

Próximo encontro acontece no dia 4 de setembro, às 8h
30/08/2020 Usine de Notícias – Foto: Divulgação

A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, dispõe sobre a contratação de pessoas com deficiência e as empresas sabem que tem uma cota a cumprir, mas nem sempre conseguem fazer contratações inclusivas e assertivas. Investem tempo e têm custos, contratam e pouco tempo depois a pessoa com deficiência abandona o emprego.

“A pergunta que muitas me fazem é: por que não consigo manter e desenvolver PCDs na minha empresa?”, contou a especialista em Gestão de Pessoas, consultora de Inclusão e Empregabilidade e docente no Senac-RS, Lívia Paim, palestrante do Café com Soluções desta sexta-feira (28/08).

O tema desta edição foram as “Metodologias ativas para contratar, manter e desenvolver a pessoa com deficiência no ambiente de trabalho”. Pelo dicionário, a descrição de deficiência é insuficiência orgânica ou mental, defeito que uma coisa tem ou perda que experimenta na sua quantidade, qualidade ou valor. Para Lívia, que convive com uma amiga com deficiência desde a infância, a diferença que percebe entre elas é o laudo médico que aponta a deficiência.

“E é esse laudo que pode ser o empecilho para a inclusão do PCD nas empresas. Se olharmos apenas para o laudo médico e não para a pessoa, podemos ter medo de contratar e não saber lidar com a situação, o treinamento será aplicado para aprender a lidar com a deficiência e não com as potencialidades da pessoa e provavelmente daremos tratamento diferenciado que impedirá a inclusão”, explica.

A especialista conta que o PCD quer trabalhar, mas nem sempre percebe que o quê faz tem valor. É hora, portanto, de repensar o processo de seleção e contratação. “Sempre afirmamos que contrata-se pelo currículo e demite-se pelo comportamento. Então isso precisa mudar. Vamos dar relevância para quem é e o jeito que a pessoa age. A formação é importante, mas é o que a gente faz com ela, o nosso modo de lidar com as questões é que deve ser destacado. As empresas implementam processos, mas nem sempre permitem que acessem a pessoa, como ela quer e pode entregar o trabalho. As metodologias ativas potencializam as competências, mostram as habilidades. Não se prepare para receber a deficiência, se prepare para receber a pessoa”, afirmou Lívia que exemplificou: “Às vezes, os empecilhos somos nós quem criamos. Certa vez uma colega me perguntou qual era a melhor cadeira para pessoas com nanismo. Disse para ela que devia perguntar para a pessoa com nanismo. Nem sempre aquela tecnologia, aquela ferramenta é a melhor para aquela determinada pessoa”, seguiu.

Lívia enfatizou que é preciso ficar atento para o que deseja a pessoa com deficiência no trabalho, pois pode ser diferente da expectativa de quem está contratando. As gerações X e Y olham muito para o que eles gostam de fazer, o que lhes dá prazer e muitas vezes a empresa acha que está facilitando oferecendo a ferramenta tal, destinando uma vaga num determinado setor que considera mais adequado para a pessoa, não colocando metas e nem cobrando resultados. Mas na verdade está limitando potencialidades, tirando autonomia, reforçando comportamentos negativos.

“As pessoas com deficiência, assim como qualquer pessoa, precisa de metas e não deve ser tratada de modo diferente ou infantilizada. Por isso, organize tarefas que devem ser cumpridas, treine, cobre a entrega, dê feedbacks. A pessoa deve ser estimulada, se sentir parte do processo, da empresa, ser útil. Só assim desenvolverá suas habilidades e como a empresa apoia sua evolução, ela ganha perspectivas, quer fazer outras coisas, pode ter um plano de carreira e deseja permanecer e crescer dentro da empresa. Lembre-se: as metodologias ativas são todas as ferramentas que ativam o potencial, incentivam o colaborador”, finalizou Lívia.

O Café com Soluções faz parte do Senac Soluções Corporativas, um canal exclusivo de atendimento para o desenvolvimento de soluções personalizadas que atendam às necessidades das organizações, abrangendo consultoria, assessoria e capacitações nas modalidades presencial, a distância (EAD) e on-line em todos os níveis de ensino.

O próximo encontro acontece no dia 4 de setembro, sexta-feira, às 8h, com o tema "Insight: Autoconhecimento e inteligência emocional em tempos de incertezas" com Martin Mayer. As inscrições podem ser realizadas pelo link https://bit.ly/39YoGT9 . O evento, gratuito, gera certificado de participação.

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