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Fábrica de colchões na penitenciária de Arroio dos Ratos emprega 26 apenados

Apenados são remunerados por oito horas diárias de trabalho, além de terem remição de um dia de pena a cada três trabalhados
11/08/2020 Ascom Seapen e Susepe / Edição: Secom - Foto: Divulgação Seapen/Susepe

Na Penitenciária Estadual de Arroio dos Ratos (Pear), 26 detentos estão fabricando colchões. A atividade se concretizou por meio de termo de cooperação entre a empresa StarDream, a Secretaria da Administração Penitenciária (Seapen) e a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).

A unidade de produção está em funcionamento desde junho e já proporcionou resultados para a fabricante. “O trabalho dos apenados está superando as expectativas. Há qualidade no trabalho, como no acabamento nas costuras ”, disse o empresário Tiago de Matos, proprietário da StarDream.

Conforme Matos, a utilização de mão de obra prisional traz o benefício de agregar para a empresa a responsabilidade social, porque é um modo de contribuir para que não voltem para a criminalidade. “Depois que estiverem em liberdade, eu os contrataria, pois já estarão qualificados e terão experiência”, acrescentou.

A inauguração oficial da fábrica ainda não ocorreu em razão da pandemia da Covid-19. “Faremos assim que possível, para destacarmos essa importante iniciativa no sistema prisional gaúcho. A ressocialização da pessoa presa passa obrigatoriamente pela capacitação para o trabalho, por isso ações como essa fazem parte das diretrizes fundamentais da nossa gestão”, afirmou o secretário da Administração Penitenciária, Cesar Faccioli.

Inclusão social

Os apenados cumprem carga horária de trabalho de oito horas diárias, de segunda a sexta-feira. Todos passaram por treinamento e recebem salário, além de terem remição de um dia de pena a cada três trabalhados.

“É uma perspectiva de uma nova vida, de uma nova caminhada, longe da criminalidade, longe das drogas e uma oportunidade para quando eu sair já ter uma nova profissão e estar novamente dentro do mercado de trabalho”, afirmou o apenado E.M., 38 anos, que trabalha na produção de colchões.

Antes de iniciarem o trabalho na fábrica, os apenados participaram do projeto de fabricação de máscaras. A partir dessa pré-seleção, na qual já obtiveram noções de jornada de trabalho e disciplina, foram convidados para atuar na fábrica, passando a receber a remuneração.

“Essa fábrica está dando a oportunidade de, além da remição da pena, ter a remuneração para ajudar minha família lá fora. Vejo a oportunidade de ter um chão para pisar assim que sair daqui”, disse o detento H.G., 42 anos. O apenado J.C., 41 anos, também destacou a importância do trabalho para a mudança na sua vida.

“Esse projeto vem para nossa ressocialização, nossa harmonização com a sociedade para valorizar a pessoa dentro do sistema carcerário para ter uma perspectiva de vida. A gente só tem a agradecer.”

Uma nova perspectiva

Todos os presos trabalhadores usam o uniforme da empresa, estão estudando e participam de acompanhamento psicossocial proposto pela Pear, por meio do projeto Novos Horizontes.

“Realizamos dinâmicas em grupo e podemos perceber o retorno deles sobre a perspectiva de um novo caminho, de perceber que muitas coisas que usamos no dia a dia passam pela costura e, assim, eles vislumbram áreas para atuar quando saírem em liberdade. Percebem que podem buscar outros meios de sobrevivência”, explicou a psicóloga da Susepe Vanessa Vieira Pinheiro da Silva.

“A previsão é de expansão do número de trabalhadores atuando na fábrica dentro da casa prisional. A Delegacia Penitenciária da 9ª Região, a direção, os agentes da segurança e a equipe técnica estão comprometidos com esse trabalho, demonstrando nossa missão institucional com o tratamento penal e com a cidadania das pessoas privadas de liberdade”, disse o diretor do presídio, José Giovani Rodrigues de Souza.

A chefe do trabalho prisional da Seapen e da Susepe, Elisandra Minozzo, pontuou que o reconhecimento dos apenados e dos empresários sobre a importância da iniciativa é o que impulsiona a proposta desses projetos.

“Só neste período da pandemia já abrimos mais de cinco fábricas no sistema prisional gaúcho. Todas essas ações de mão de obra prisional só fazem sentido se, de fato, fizerem sentido para a vida dos apenados e para a sociedade”, ressaltou.

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