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Como a medicina na Argentina está combatendo o Coronavírus?

07/07/2020 Foto: Pixabay / Divulgação

Em menos de seis meses após a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar a  pandemia do novo coronavírus, cientistas de todo o mundo estão trabalhando em mais de uma centena de projetos para obter uma vacina que evite os riscos da doença. A pergunta recorrente é:  - Por quanto tempo?

Nesse contexto de crise da saúde, as faculdades de medicina na Argentina também redefiniram suas funções e trabalham em várias frentes para combater a COVID-19. Algumas processam amostras de coronavírus, outras operam como centros de saúde, fornecendo até cestas básicas aos moradores de suas regiões e, como se não bastasse, geram tecnologia de ponta para contribuir para a solução da epidemia no País e no continente.

Segundo dados do Ministério da Ciência, a Argentina tem mais de quatro mil pesquisadores dedicados a essa emergência: alguns desenvolvem fórmulas de imunização e outros trabalham para tentar descobrir tratamentos mais eficazes. Testes rápidos desenvolvidos por cientistas de renomadas instituições de medicina da Argentina também vêm ganhando destaque, substituindo os métodos importados com eficiência e baixo custo.

No mês de maio, a virologista Andrea Gamarnik, reconhecida por suas descobertas sobre a dengue, criou um teste sorológico para a detecção de anticorpos para o coronavírus, em parceria com sua equipe da Conicet (Conselho Nacional de Pesquisa Científica e Técnica) e o Instituto Leloir. O teste CovidAr IgG (para a classe da imunoglobulina G) é usado para estudos epidemiológicos porque determina se uma pessoa esteve em contato com SARS-CoV-2. Na época, a Argentina foi a oitava nação do mundo a empregar essa tecnologia.

Logo em seguida veio o Neokit, um kit de diagnóstico de baixo custo e de fácil manuseio para testagem da Covid-19. Em menos de duas horas, a partir de uma amostra respiratória colocada em frascos que mudam de cor, é possível confirmar se uma pessoa está ou não infectada. Esse teste foi desenvolvido por cientistas do Centro Estadual de Pesquisa Conicet e pelo Instituto César Milstein de Ciência e Tecnologia, sob a coordenação do pesquisador Adrián Vojnov, que o apresentou juntamente com o presidente Alberto Fernández.

Um outro avanço da medicina da Argentina foi anunciado recentemente. Cientistas desenvolveram um novo teste molecular que detecta a COVID-19 até quatro vezes mais rápido. Pesquisadores da Conicet e das universidades nacionais de San Martín (UNSAM) e Quilmes (UNQ), em conjunto com duas PMEs tecnológicas, estão em condições de produzir 80 mil diagnósticos por mês. Através de uma tira de teste, semelhante à usada nos testes de gravidez, é possível detectar material genético do vírus em pessoas infectadas com ou sem sintomas. O método não utiliza produtos caros ou sofisticados e seus materiais são, em grande maioria, produzidos pela indústria argentina.

Essas três descobertas permitiram um grande aumento nas testagens, o que é fundamental para conter o avanço do vírus. Os cientistas argentinos destes projetos alertam que a obtenção de uma vacina contra qualquer vírus é um processo que geralmente leva anos, devido às avaliações, regulamentações e análises necessárias, mas que, neste caso, existem tantas pessoas no mundo dedicadas a encontrá-la que provavelmente poderá haver respostas em alguns meses.

Até 1º de julho de 2020, a Argentina registrou 67.184 casos de COVID-19, dos quais 1.351 resultaram em mortes. O País tem 45 milhões de habitantes. 

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