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Agências FGTAS/Sine dispõem de mais de 6 mil trabalhadores migrantes cadastrados

Os maiores contingentes de migrantes inscritos de janeiro de 2018 a maio de 2020 são oriundos do Haiti, Venezuela, Uruguai, Senegal, Argentina e Cuba
26/06/2020 Comunicação Social / Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS) – Foto: Divulgação

As Agências FGTAS/Sine dispõem de 6.197 trabalhadores migrantes de 80 nacionalidades cadastrados em seu banco de dados. Confira, a seguir, o perfil completo desse contingente e as ações realizadas pela Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS) em prol do público migrante.

Os maiores contingentes de migrantes inscritos de janeiro de 2018 a maio de 2020 são oriundos do Haiti (3.016), da Venezuela (1.260), do Uruguai (529), do Senegal (436), da Argentina (247) e de Cuba (231). Referente ao perfil desse público, 62,2% são homens e 37,8%, mulheres. Ainda, no que tange à faixa etária, 34,9% possuem de 30 a 39 anos; 23%, de 25 a 29 anos; 20,48%, de 18 a 24 anos; 13,8%, de 40 a 49 anos; e 6,4%, de 50 a 64 anos.

Com relação à escolaridade, 43,7% têm Ensino Médio completo; 23,5%, Fundamental completo; e 7,4%, Superior completo. As principais ocupações desempenhadas pelos migrantes contratados através das Agências FGTAS/Sine são alimentador de linha de produção e abatedor.

O chefe da Seção de Inserção no Mercado de Trabalho da FGTAS, Fabiano Pase, ressalta que “as 155 unidades sediadas em 151 municípios gaúchos oferecem um serviço público na área do trabalho, emprego e renda, que têm como principais características a universalidade, a gratuidade e a inserção de profissionais no mercado formal de trabalho”.

Entre os empregadores que utilizam o serviço gratuito de intermediação de mão de obra está a Neovia Infraestrutura Rodoviária. A contratação mais recente realizada através da Agência FGTAS/Sine de Veranópolis foi a do trabalhador haitiano Andy Dorvilus, em maio deste ano, para a função de servente de serviços gerais na conservação de vias permanentes.

De acordo com a assistente-administrativa da Neovia, Cristiane Buhler, a empresa trabalha em parceria com a Agência desde dezembro de 2019 e essa foi a primeira contratação de migrante realizada pela empresa no RS: “O serviço de intermediação oferecido pela Agência de Veranópolis é perfeito. Sempre tivemos todas as nossas necessidades atendidas e estamos satisfeitos com a contratação do Andy, pois apesar das dificuldades que ele possui com a Língua Portuguesa, tem se mostrado muito prestativo, interessado, dedicado e esforçado”.

Empregadores interessados em selecionar, gratuitamente, trabalhadores, através das Agências FGTAS/Sine, podem entrar em contato direto com a unidade mais próxima ou cadastrar as vagas de emprego no site da FGTAS.

Além da área do trabalho, a FGTAS também oferece atendimentos na esfera social ao público migrante. No Vida Centro Humanístico, há aulas gratuitas de Língua Portuguesa com uma professora voluntária graduada em Letras pela UFRGS. São três turmas de 20 alunos cada. Ainda, é oferecido auxílio para confecção de currículos. Atualmente, no entanto, essas duas atividades estão suspensas devido à pandemia de coronavírus.

Já a Fundação Maçônica Educacional realiza a entrega mensal de cestas básicas para famílias de migrantes que residem no entorno do espaço administrado pela FGTAS. Há mais de 300 famílias cadastradas nessa ação. Doações de alimentos, roupas e móveis podem ser efetuadas diretamente para o Grupo de Voluntários Família Imigrante, que está sediado na sala 803, área 8, do Vida (Av. Baltazar de Oliveira Garcia, 2132 – Porto Alegre). O telefone para contato do grupo é o (51) 98196-5358.

A voluntária Neusa Batezini Scherer conta como surgiu o Grupo Família Imigrante: “Meu trabalho iniciou em 2015, quando soube por uma amiga que um grupo de imigrantes, haitianos e senegaleses, estava alojado no Vida. Isso fez com que eu iniciasse um movimento com pessoas conhecidas para ajudá-los. Comprei cestas básicas e levei até o local. Iniciamos uma relação de confiança com eles fazendo um almoço em um domingo. Foi emocionante ver aquela gente sorrindo o tempo todo, parecia que não havia nenhuma dificuldade e, mais emocionante ainda, foi a prece que eles fizeram em agradecimento, tocando violão e cantando em crioulo. A partir daí, prometi a mim mesma que não iria abandoná-los”.

Neusa recorda que, “Depois que os imigrantes deixaram o Vida, eles passaram a morar em pequenos quartos nos arredores do antigo alojamento. Muitos começaram a trabalhar, mas o dinheiro não dava para o aluguel e o alimento, além de terem de mandar dinheiro para o Haiti e o Senegal para os familiares. Toda semana chegavam novos imigrantes e a família aumentava assustadoramente. Desde então, já passaram muitos amigos por nós. Iniciei com 45 pessoas, hoje, são mais de 300 famílias. Doamos desde o enxoval do bebê até o fogão, cama, panelas, cobertor, roupas, calçados e cestas básicas. Já tivemos momentos de alegria e de tristeza também. Perdemos alguns e muitas mães sofreram aborto. Há casos de hipertensão, diabetes e de alimentação pobre em nutrientes. Esse trabalho me absorve totalmente e não consigo me imaginar não fazendo isso. Meu sentimento é de plenitude. Minha ligação com eles é de muita confiança e amor e eles me chamam de mãe. Sou madrinha de muitas crianças e tenho o maior orgulho de ter uma família tão grande e tão linda. Só tenho a agradecer”.

A promoção e a garantia do respeito aos direitos humanos das pessoas vulneráveis que se encontram em mobilidade no Estado é o objetivo do Comitê Estadual de Atenção a Migrantes, Refugiados, Apátridas e Vítimas do Tráfico de Pessoas no Rio Grande do Sul (Comirat-RS). A FGTAS está representada no comitê pelos analistas - sociólogos do Departamento de Promoção de Desenvolvimento Social (DPDS), Luciana Pêss e Juliano Florczak Almeida.

“A partir da participação nas reuniões, temos a oportunidade de articular ações em conjunto com outros órgãos públicos, organizações da sociedade civil e organismos internacionais. A presença de nossa instituição nessas instâncias propicia que estejamos mais atentos à realidade das populações em vulnerabilidade, auxilia na divulgação dos serviços oferecidos pela FGTAS à população e também acrescenta, ao debate público, as informações sobre o atendimento da população migrante no Sine. O trabalho é questão central na vida de migrantes e tema de interesse permanente para as organizações que atuam com essa pauta”, afirma Luciana Pêss.

Instituído pelo Decreto nº 49.729, de 22 de outubro de 2012, e coordenado pela Secretaria Estadual de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, o comitê promove a I Semana do Migrante do Rio Grande do Sul: novos rostos, memórias e horizontes até o próximo sábado, 27 de junho, com transmissão das atividades pela internet, através do canal do COMIRAT/RS no YouTube e das páginas no Facebook da SJCDH/RS e do FPMH.

O evento é realizado em parceria com o Comitê Municipal de Atenção aos Imigrantes, Refugiados, Apátridas e Vítimas do Tráfico de Pessoas (Comirat/POA) e o Fórum Permanente de Mobilidade Humana, com o apoio da Organização Internacional para as Migrações (OIM) e do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão sobre Migrações da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (NEPEMIGRA/UFRGS). A programação completa do evento está disponível no site da FGTAS.

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