Ateliê de Artes de Cristal é contemplado com o Prêmio Itaú Cultural "Arte como Respiro"
O Itaú Cultural divulgou na quarta-feira, dia 20 de maio de 2020, o resultado do edital "Arte como Respiro" - categoria Produção Artes Visuais. O objetivo do edital é movimentar a economia criativa de maneira rápida e eficaz em tempos de pandemia mundial de coronavírus.
O trabalho concorrente deveria refletir sobre as questões da limitação do confinamento, como os artistas continuam suas produções e o que estão criando neste momento histórico. Como o isolamento social afeta o processo e/ou o resultado da produção da obra?
O ateliê Alumiar, localizado em Cristal, foi um dos 140 contemplados com o prêmio em todo o país, num cenário de 8.707 profissionais da arte inscritos.
A pintura vencedora é do artista Fábio Abbud, intitulada "Contradança". A pintura à óleo sobre tela com 40 x 60 cm, faz parte de uma série de pinturas iniciadas a partir do distanciamento social decorrente do novo coronavírus. A série intitulada "Ninguém Mais" já contabiliza 12 pinturas.
Os trabalhos refletem a pesquisa do artista, sobre a auto-imagem das pessoas como seres singulares. O isolamento social provocado pela pandemia traz à superfície, justamente, a potência da sociedade. O confinamento de fato mostra-nos a inseparável relação entre sociedade e indivíduo e, em cada sociedade, os reflexos desta inevitável relação.
"Contradança" está inserida dentro de uma estética da solidão e remete ao olhar do artista sobre as ações de indivíduos brasileiros cujas as reações apresentam-se imediatante.
O ateliê Alumiar completa 9 anos em agosto deste ano, é integrado pelos artistas Fabio Abbud e Ana Flor, ambos cursaram Artes Visuais na UFRGS, atualmente Fábio é acadêmico de Ciências Sociais na UFPel e Ana Flor é acadêmica de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis na UFPel.
Foram apenas 10 selecionados em todo o estado do Rio Grande do Sul, e para os integrantes do ateliê esse prêmio tem uma potência de estímulo muito grande, pois a prática artística descentralizada das capitais são afetadas pelo distanciamento das galerias, museus e centros culturais.
As fronteiras invisíveis desse círculo artístico afetam os artistas das pequenas cidades, onde não se encontra a matéria prima ou o local para expor e vender os trabalhos.
Apesar da produção artística no interior persistir, a economia criativa descentralizada é ainda mais afetada pela crise social que enfrenta-se atualmente.