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Saída de Nelson Teich do Ministério da Saúde repercute entre deputados

Nelson Teich pediu demissão na sexta, dia 15
18/05/2020 Agência Câmara de Notícias – Foto: Júlio Nascimento/Presidência da República

Menos de um mês após assumir o Ministério da Saúde, Nelson Teich decidiu, na sexta-feira, dia 15 de maio de 2020, pedir demissão. Em curto pronunciamento a jornalistas, Teich afirmou que deu o melhor de si e que “não é simples” estar à frente da pasta nesse período de pandemia de Covid-19.

Nelson Teich fez pronunciamento, mas não mencionou os motivos do pedido de demissão
O ex-ministro não mencionou os motivos que o levaram ao pedido de demissão. Disse que não aceitou comandar o ministério pelo cargo em si, mas sim para ajudar as pessoas. Ao final de sua fala, fez um agradecimento ao serviço público e ao presidente.

“Seria muito ruim na minha carreira não ter tido a oportunidade de atuar no ministério pelo SUS. Eu nasci graças ao serviço público. Sempre estudei em escola pública, minha faculdade foi pública, minhas residências foram em hospitais federais. Eu fui criado pelo sistema público”, disse.

Nelson Teich afirmou, ainda, que deixa um plano de trabalho para seu sucessor, com um programa de testagem para a doença pronto para ser implementado.

Repercussão

A saída de Teich repercutiu entre os deputados. Para o deputado Efraim Filho (DEM-PB), líder do partido - o mesmo do ex-ministro Mandetta -, ao contrário do que afirma Teich, o agora também ex-ministro não disse a que veio em seu curto período no ministério.

“A impressão que fica é de que ele nunca assumiu realmente as suas funções. Desde a saída do ex-ministro Mandetta, o Ministério da Saúde teve praticamente um mês perdido. No momento mais crítico da pandemia, deixou a população desorientada, sem um ponto de referência de autoridade da saúde, e a gente espera que isso possa se organizar daqui por diante”, disse.

Para o deputado André Figueiredo (PDT-CE), líder da Oposição, a saída do médico oncologista demonstra que Jair Bolsonaro não tem mais condições de governar.

“Isso corrobora o que estamos constatando: que o presidente da República, lamentavelmente, não tem condição de administrar o país num momento como esse. É lamentável nós vermos que o nosso país vai ter um terceiro ministro da Saúde em menos de 60 dias, num momento em que era necessário fazer o enfrentamento da pandemia com o mínimo de competência de uma equipe vocacionada, e que seja respeitada na comunidade científica.”

Economia

O líder do governo, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), por outro lado, defende que a saída de Teich não afeta a capacidade do governo de continuar cuidando da saúde dos brasileiros. Ele também ressaltou a preocupação com a economia.

“O governo federal tem feito todos os esforços para salvar vidas, que é a nossa prioridade, e também preservar os empregos dos brasileiros. Centenas de ações já foram conduzidas pelo governo federal, coordenadas pela Casa Civil, e já foram anunciadas medidas que ultrapassam R$ 1,7 trilhão", defendeu ele. Segundo Vitor Hugo,  "o governo seguirá no seu curso de proteção de vidas, e de salvaguarda de empregos e que nós vamos sair ainda mais fortes e unidos desse momento tenso, dessa crise do Covid-19.”

Vários deputados avaliaram que a divergência entre Bolsonaro e Teich em torno do uso da cloroquina no tratamento dos doentes foi o principal motivo da saída do ex-ministro.

"Não se sensibilizou"

A deputada Bia Kicis (PSL-DF) acredita que o oncologista deveria ter seguido a recomendação do presidente.

“Por mais respeitável que seja o Dr. Nelson Teich, como médico oncologista, como gestor de saúde, ele não se sensibilizou com a necessidade de alterar o protocolo do Ministério da Saúde. Não adianta querer esperar evidências científicas, porque pessoas estão morrendo e o fato é que a hidroxicloroquina está salvando vidas”, disse a deputada.

Especialistas que falaram à comissão externa da Câmara que avalia o combate à Covid 19 explicaram que a hidroxicloroquina é um entre muitos medicamentos que estão sendo testados no tratamento da nova doença, mas a falta de evidências de sua eficácia fora dos testes em tubos de ensaio faz com que ela não seja incluída como protocolo geral por entidades médicas.

O líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), concorda com a avaliação e afirmou que os brasileiros "não são cobaia".

“Bolsonaro quer que o ministro da Saúde possa usar a cloroquina para agradar os interesses americanos. Essa é a razão principal da demissão do ministro da Saúde. É um governo que está aos frangalhos.” No lugar de Nelson Teich, assume interinamente o general Eduardo Pazuello.

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